A edição de 2019 do bp Energy Outlook, publicada hoje, explora as principais incertezas que podem impactar os mercados globais de energia até 2040. As maiores incertezas sobre esse período envolvem a necessidade de mais energia para apoiar o crescimento econômico global contínuo e o aumento da prosperidade econômica, juntamente com a necessidade de uma transição mais rápida para um futuro de baixo carbono. Esses cenários destacam o duplo desafio que o mundo está enfrentando. O Outlook também considera uma série de outras questões, incluindo o possível impacto das crescentes disputas comerciais e as implicações de uma maior rigidez na regulamentação de plásticos.
Grande parte da narrativa do Outlook se baseia em seu cenário de Transição em Evolução. Este e os demais cenários considerados no Outlook não são previsões do que é provável que aconteça. Na verdade, eles exploram as possíveis implicações de diferentes julgamentos e suposições.
No cenário de "Transição em Evolução", o qual pressupõe que as políticas governamentais, as tecnologias e as preferências sociais evoluem de maneira e velocidade semelhantes ao passado recente:
"O Outlook traz à tona, mais uma vez, a rapidez com que os sistemas de energia do mundo estão mudando, e como o duplo desafio de fornecer mais energia com menos emissões está moldando o futuro. Para enfrentar este desafio, não há dúvidas de que diversas formas de energia terão um papel a desempenhar”, disse Bob Dudley.
“Prever como esta transição energética evoluirá é um desafio grande e complexo. Na bp, sabemos o resultado que é necessário, mas não sabemos o caminho exato que a transição tomará. Nossa estratégia nos oferece a flexibilidade e a agilidade de que precisamos para enfrentar essa incerteza.”
“O mundo da energia está mudando”, concorda Spencer Dale. “Juntos, as renováveis e o gás natural representam a grande maioria do crescimento em energia primária. Em nosso cenário de transição em evolução, 85% da energia adicionada é de baixo carbono.”
Além do cenário de transição em evolução, o Outlook considera uma série de outros cenários. Alguns dos principais estão descritos abaixo.
Será necessário haver mais energia para apoiar o crescimento e permitir que bilhões de pessoas passem de rendas baixas para médias, isso é explorado no cenário de mais energia.
Há uma forte ligação entre o progresso humano e o consumo de energia, o Índice de Desenvolvimento Humano da ONU sugere que aumentos no consumo de energia de até cerca de 100 gigajoules (GJ) por pessoa estão associados a aumentos substanciais no desenvolvimento humano e bem-estar. Hoje, cerca de 80% da população mundial vive em países onde o consumo médio de energia é inferior a 100 GJ por pessoa. A fim de reduzir esse número para um terço da população até 2040, o mundo precisaria de cerca de 65% mais energia do que hoje, ou 25% a mais de energia do que o necessário no cenário de transição em evolução. O aumento da energia necessária para além do cenário de transição em evolução é aproximadamente o equivalente ao consumo total de energia da China em 2017. Juntamente com o cenário mais energia, o Outlook também destaca a necessidade de demais ações para reduzir as emissões de carbono. Este é o duplo desafio para o mundo - fornecer mais energia com menos emissões.
O cenário de transição rápida é a combinação de análises em todo o Outlook que reúne em um único cenário as medidas políticas em cenários separados de baixo carbono para a indústria e edificações, transporte e energia elétrica. Isso resultará em um declínio de cerca de 45% nas emissões de carbono até 2040 em relação aos níveis atuais – o que está bem no meio de uma amostra de projeções externas com o intuito de ser consistente com o cumprimento das metas climáticas de Paris.
Esta queda reflete uma combinação de ganhos em eficiência energética, mudança para combustíveis com baixo teor de carbono, uso consistente de CCUS (sigla em inglês para captura, uso e armazenamento de carbono) e, de particular importância no setor de energia elétrica, um aumento significativo no preço do carbono.
O setor de energia elétrica é, atualmente, a maior fonte individual de emissões de carbono provenientes do uso de energia e, portanto, é fundamental que o mundo continue buscando formas de reduzir as emissões desse setor. As reduções nas emissões de carbono da indústria de transporte em todos os cenários até 2040 são relativamente pequenas.
Mesmo no cenário de transição rápida, um nível significativo de emissões de carbono ainda permanece em 2040. A fim de atingir as metas climáticas de Paris, na segunda metade do século essas emissões remanescentes precisariam ser bastante reduzidas e compensadas pelas emissões negativas. O Outlook deste ano considera quais tecnologias e desenvolvimentos podem desempenhar um papel central nesta redução para além de 2040.
Um desenvolvimento fundamental seria a descarbonização quase que completa do setor de energia elétrica – exigindo maior uso de renováveis e CCUS em conjunto com o gás natural – juntamente com maior eletrificação de atividades de uso final (incluindo transporte). Para os usos finais que não podem ser eletrificados, outras formas de energia de baixa emissão de carbono e fornecedores de energia serão cruciais, potencialmente incluindo hidrogênio e bioenergia. Além disso, destaca-se a importância da economia circular e maior adoção de técnicas de armazenamento e remoção de carbono.
O comércio internacional sustenta o crescimento econômico e permite que os países diversifiquem suas fontes de energia. No cenário menos globalização, o Outlook explora o possível impacto que as crescentes disputas comerciais poderiam ter sobre o sistema global de energia.
O cenário destaca como uma redução em abertura e comércio, associada a uma escalada nas disputas comerciais, poderia reduzir o PIB mundial e, portanto, a demanda por energia. Além disso, a crescente preocupação com a segurança energética pode levar os países a favorecer a energia produzida internamente, levando a uma redução acentuada no comércio de energia. O maior impacto é nos exportadores líquidos de energia, que sofrem uma desaceleração significativa no crescimento das exportações de petróleo e gás.
A maior fonte projetada de crescimento na demanda por petróleo nos próximos 20 anos é o uso não-carburante de combustíveis líquidos na indústria, principalmente como matéria-prima para petroquímicos, impulsionada pela crescente produção de plásticos. O crescimento da demanda não-carburante no cenário de transição em evolução é, no entanto, mais lento do que no passado, refletindo a suposição de que as regulamentações que regem o uso e a reciclagem de plásticos se tornarão significativamente mais rígidos nos próximos 20 anos.
Dada a crescente preocupação ambiental em relação aos plásticos de uso único, o Outlook também considera um cenário de proibição de plásticos de uso único, no qual a regulamentação dos plásticos fica ainda mais rígida rapidamente, culminando com a proibição mundial de todos os plásticos de uso único a partir de 2040.
Nesse cenário, a demanda por petróleo aumenta mais lentamente do que no cenário de transição em evolução. No entanto, o Outlook avisa que o impacto total no crescimento da energia e no meio ambiente dependerá dos materiais alternativos que podem ser usados no lugar de plásticos de uso único. A proibição de plásticos de uso único poderia resultar em um aumento na demanda por energia e nas emissões de carbono sem mais avanços em materiais alternativos e no uso generalizado de sistemas de coleta e reutilização.
O Outlook traz ainda algumas percepções do cenário de Transição em Evolução específicas para o Brasil.
O estudo mostra a matriz energética brasileira em 2040 quase igualmente dividida entre petróleo e gás (49%) e hidrelétricas e renováveis (46%). “Além disso, o Brasil responde por 23% do aumento da produção mundial de petróleo entre 2017 e 2040, um incremento de quase dois milhões de barris por dia, atingindo cinco milhões de barris por dia”, completa o executivo.
Para mais detalhes, consulte o documento Insights do cenário de Transição em Evolução - Brasil.
Nota aos editores: