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Para que o futuro seja neutro, é preciso agir já

 

“Reinventar a energia” foi o tema do primeiro debate digital da iniciativa 50 para 2050, uma parceria entre a bp Portugal e o Expresso

O primeiro de dez debates digitais onde 50 personalidades vão discutir o caminho para a neutralidade carbónica aconteceu esta terça-feira, 13 de outubro, e reuniu no Facebook do Expresso o presidente da bp Portugal, Pedro Oliveira; Filipe Duarte Santos, CNADS; Francisco Ferreira, Associação ZERO e Joana Portugal Pereira, Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas.

 

Com o futuro do sistema energético e os desafios impostos pela meta da neutralidade carbónica no centro da discussão, vários foram os contributos do painel de especialistas que tinha uma opinião em comum: é preciso agir, e já, para que o futuro seja neutro.

 

Para Pedro Oliveira, o caminho passa por uma taxação de emissões para que consecutivamente todas as tecnologias de energias alternativas possam concorrer entre elas pois, acredita, não há uma melhor solução. É nesse sentido que a bp quer ouvir a sociedade civil e os especialistas destes temas porque só tem uma certeza “o mundo da energia vai ser muito mais diverso, menos dependente de uma forma, e o peso de cada uma vai depender dos incentivos de negócio.”

 

Já Francisco Ferreira admite a existência de alguns setores onde continue a ser necessária a utilização de combustíveis fósseis, no entanto, no entender do líder da Associação Zero, é possível caminhar em 2050 para uma Europa onde essa fração seja extremamente diminuta. “Para a neutralidade climática a nossa margem é curta porque temos de igualar aquilo que é a capacidade de retenção e carbono pelas florestas com as nossas emissões e não podemos abusar do uso de combustíveis que nos levem a ultrapassar esse balanço que queremos atingir.”, afirma.

 

Na opinião do professor Filipe Duarte Santos certos usos dos combustíveis fósseis são “mais nobres” do que a geração de energia e esses vão continuar a existir, como é o caso do fabrico de plástico. “O objetivo é uma transição energética no sentido em que o tipo de civilização atual, e que levou à evolução,  terá de ser descontinuado.” O professor universitário concorda com o presidente da bp Portugal ao defender que o caminho mais eficiente passa pela implementação de “um preço para as emissões de dióxido de carbono pois permitia que houvesse da parte da Indústria mundial muito mais capacidade de escolher as opções tecnologicamente mais convenientes e desenvolver a tecnologia e criar novas fonte de energia.”

 

Já Joana Portugal Pereira deixa a ressalva de que a aposta nas energias renováveis é essencial para atingir a neutralidade, mas chama a atenção para a necessidade de olhar não só para as emissões diretas, mas também para o ciclo de vida e o impacto a montante da produção de infraestruturas para
renováveis. “Olhando de forma global para as emissões é importante não varrer os impactos para o lado português e transferi-los para países com metas
ambientais não tão restritas. Para atingir estas metas sem precedentes não podemos olhar só para a oferta, mas também pensar no consumo e é muito importante garantir a eficiência energética e um consumo mais eficiente.”  

 

Em dia de discussão do Orçamento de Estado para 2021, a cientista deixa o alerta para um possível impacto da redução do IVA na eletricidade que, espera, não se traduza no aumento do consumo e de um consumo ineficiente.

 

Pedro Oliveira deixou algumas mensagens resultantes do bp Energy Outlook 2020 e dos vários cenários mostrados no relatório dizendo que o mesmo
nos permite ver o esforço imenso que tem de ser feito a partir de “amanhã” do ponto de vista de toda a produção e a importância da eficiente energética. “Na área da produção é provavelmente onde é mais impactante e eficaz atuar no sentido de reduzir emissões daí a agenda ser enorme nesse setor. Para cumprir o cenário de neutralidade carbónica até 2050 os combustíveis fósseis teriam de deixar de representar os cerca de 85% atuais para cerca de 25%, algo que temos de fazer em 30 anos.”

 

O presidente da bp Portugal deixou ainda a nota de que a Covid-19 veio alertar-nos para a dependência dos combustíveis fósseis uma vez que com o mundo parado o consumo de barris por dia diminui de forma pouco significativa. “Num cenário de insustentabilidade o mundo consumia 75% daquilo
que consumia a funcionar. Ao mais pequeno sinal de recuperação o consumo acelerou muito.”

 

E acrescenta: temos de trabalhar mais para lá chegar nos prazos impostos. “as metas não se colocam em caus. Temos de atingir as metas. é importante que as pessoas entendam o que tem de ser feito, o histórico, e o quão difícil é o que temos à frente.”

 

A iniciativa do Expresso e da bp terá um total de dez debates digitais, divididos em dois ciclos de cinco encontros cada, que juntarão um total de 50 oradores para discutir as alterações climáticas e o futuro do sector energético até 2050. Os próximos encontros - que serão transmitidos no Facebook do Expresso, sempre à terça-feira às 11h00 -, acontece a 20 de outubro com o tema “os grandes impactos das alterações climáticas em Portugal”, a 27 de

outubro discutir-se-á “o roteiro de descarbonização português”, a 3 de novembro será a vez da “transição energética de Portugal” e a 10 de novembro a
“mobilidade futura nas cidades”.